domingo, 22 de maio de 2011

Como Funciona A Homeopatia?

COMO FUNCIONA A HOMEOPATIA?
POR QUE UM ‘PADRÃO ENERGÉTICO’ CURARIA DOENÇAS?
Dr. Alan V. SCHMUKLER (*)
A homeopatia assume alguns conceitos básicos:
1.      Os seres vivos estão vivos porque têm energia fluindo através de si. Hahnnemann denominou a essa energia “Força Vital”. Na Índia é designada como prana e na China é conhecida como Chi. Wilhelm Reich nomeou-a orgone. Sob este ou aquele nome, essa energia é a centelha que nos anima. Sem ela, todas as plantas e animais viventes transformam-se num acumulado de substâncias químicas inertes.
2.      A doença é um distúrbio na energia do corpo. Tudo aquilo que é normalmente descrito como doença ― febres, inflamações, oclusões de vasos sanguíneos, crescimentos anormais...  ― são distúrbios do fluxo de energia: são sintomas, sinais e resultados de uma doença, mas não a doença em si mesma, que é a desorganização da energia.
3.      Para curar a doença é preciso restaurar o fluxo da energia corporal.
4.      Portanto, se a doença é a perturbação da energia, para corrigi-la necessitamos de um medicamento contendo energia.

Como é possível que um determinado remédio possa ajudar a curar determinada doença?
O famoso físico, Louis de Broglie, demonstrou que toda matéria (viva ou inerte) tem comprimento de onda e frequência, ou seja, tudo está vibrando. Isso inclui pessoas, animais, rochas e remédios homeopáticos.

Quando saudáveis, vibramos de um determinado modo e isso muda durante a doença. Quando determinado remédio homeopático se ajusta ao padrão vibratório doentio é sinal de que ele é mimético àquela doença o que estimulará e guiará o processo de cura. Os sintomas desaparecem porque o remédio corrige o problema vibratório subjacente.

Cada remédio representa uma vibração diferente, mas como não podemos vê-la, o que ajustamos são os sintomas do remédio com os sintomas do paciente.

Essa idéia de que a doença é devida a um desequilíbrio energético é muito diferente do ponto de vista da medicina convencional e que sustenta ser a doença é causada por desequilíbrio químico e que poderá ser ajustada com substâncias químicas, o que conduz à interpretação de que ao invés de sinais de cura os sintomas são a própria doença, portanto, os mesmos são suprimidos com químicos potentes conhecidos como drogas. A supressão dos sintomas é fundamental desse tipo de visão.  Tratar doenças dessa forma traz sérias desvantagens porque o problema fundamental não é considerado e, em consequência, os sintomas retornam frequentemente, o que exige drogas ainda mais potentes, muitas vezes, com efeitos indesejáveis perigosos. A ineficácia desse método é muito aparente nas doenças crônicas, já que muitas desses doentes precisam tomar drogas pelo resto de suas vidas. Isso nos conduz à conclusão de que o problema não foi corrigido.

(*)  Médico que atua na Filadélfia  Temple University, mas sua ‘missão’ é difundir entre leigos os conhecimentos a respeito da homeopatia. Editou recentemente: “Homeopatia – Um Manual Caseiro de A a Z”, de onde este texto foi extraído, com a devida autorização escrita.





domingo, 27 de março de 2011

OS MIASMAS E SUA EVOLUÇÃO

Tuberculoso



Samuel Hahnemann, o criador da homeopatia, era guiado por uma idéia: aude sapere (ouse saber), em latim, a língua culta da época. Visto de hoje, achava-se além de seu tempo conforme comprova sua vida de estudioso, pesquisador incansável e meticuloso.
Em seu livro “Psyche and Substance”, o psicanalista e homeopata de origem australiana comenta:
“A teoria de Hahnemann a respeito dos miasmas é uma de suas mais significativas contribuições ao manejo das doenças crônicas, ainda que, devido ao presente entendimento de psicopatologia, é, contudo, a mais obscura. Encontrou persistente oposição mesmo entre seus seguidores e com o ridículo fora da homeopatia”
A medicina naqueles idos do século XVIII era confusa, inoperante, na maior parte guiada por idéias extravagantes e sua prática marcada por graves efeitos indesejáveis, coisa que ainda se vê duzentos anos aquém, na terapia com drogas, mesmo considerando os notáveis avanços científicos e tecnológicos ocorridos, principalmente, no século passado.
Hahnemann, homem sobretudo racional, preocupava-se, também, com a causa das doenças, procurando agrupá-las na busca de um sentido para as mesmas. Excluídos os acidentes, envenenamentos e traumas, observou que poderiam ser ajuntadas em quatro grupos: as agudas, as doenças da pele e mais duas outras de origem no contacto venéreo. Às manifestações agudas (gripes, enxaquecas, febres comuns, dores musculares...) conservou com esse mesmo nome. Seriam como as ondas do mar: fazem parte deste, sem serem o próprio.  Às doenças de pele chamou psora (úlceras), cujo paradigma era a onipresente sarna (prurido, coceira; em inglês itch). Nome escolhido, talvez, pelas lesões da pele com infecções subsequentes causadas pelo intenso coçar. Era ela universal e explicável pela higiene desprezada e pelo vestuário de muitas camadas. Só mais tarde viria o hábito de lavar as roupas e passá-las a ferro quente. A esse respeito, Gilberto Freyre, em seu livro “Casa Grande e Senzala”, dá boa idéia do afirmado quando atesta:
“O século da descoberta da América ― o XV ― e os dois imediatos, por toda a Europa, foi época de grande rebaixamento dos padrões de higiene. Em princípio do século XIX ― informa um cronista alemão citado por Lowie ― ainda se encontravam pessoas na Alemanha, que em toda sua vida não se lembravam de ter tomado banho uma única vez. Os franceses não se achavam, a esse respeito, em condições superiores às do seu vizinho. Ao contrário (...) a elegante Rainha Margarida de Navarro passava uma semana inteira sem lavar as mãos; que o Rei Luís XIV, quando lavava as suas, era com um pouco de álcool perfumado, uns borrifos apenas.” (pág 80, obra cit.)
Somente um exemplo que ressalta: se assim era a nobreza, imagine-se o povão! Não é de admirar que as doenças de pele predominassem e levassem Hahnemann a declarar a psora como “mãe de todas as doenças” e a considerá-la inextinguível.
Admira que os perfumes tenham sido difundidos nessa época? Os leques, tão usados nos salões daquele tempo, com seus bailes e reuniões chiques, segundo comentários, não era tanto pelo calor, mas para diluir o odor.
O grupo das doenças de causa venérea era a sicose (gonorréia, figos, excrescências, verrugas, talvez por analogia à aparência de uma figueira carregada de frutos); e a sífilis, a temível doença que começava por um cancro (úlcera) e terminava na paralisia e demência, também chamada de paralisia geral progressiva (PGP), cuja forma clínica ainda podia ser observada até a chegada dos modernos antibióticos em 1950. Ambas, verdadeiras epidemias.
Claro que as doenças ainda não tinham seus quadros clínicos perfeitamente descritos e coisas diferentes faziam parte do mesmo grupo. Por exemplo, diferentes doenças de pele eram agrupadas como sarna (psora). O câncer, doença conhecida desde a antiguidade, foi alinhada ao miasma sifilínico, já que evolui com chagas e destruição.  Tais fatos, absolutamente, não invalidam o esforço do Fundador, antes o colocando como pioneiro.
A esse grupo de três doenças, Hahnemann, nomeou-o Miasmas (semanticamente: mancha, nódoa, corrupção,contaminação) porque não somente enodoavam a saúde do indivíduo como, também, eram transmitidas aos respectivos descendentes.
Em seguida, os franceses nomearam mais dois miasmas, o tuberculinismo e o cancerinismo, as duas grandes epidemias dos séculos XVIII e XIX. O câncer ainda está por aí em plena atividade. A tuberculose rendeu-se à esteptomicina, pelo menos na forma clínica com que se apresentava, porém, segundo a Organização de Saúde, essa doença ainda ceifa mais de trinta milhões de vidas por ano.
Os miasmas sempre causaram polêmica, desde que Hahnemann os apresentou em sua obra “As Doenças Crônicas” (1796) e que lhe custaram doze anos de labor. Posteriormente, mais discussões, aceitando ou não os dois miasmas dos franceses. Atualmente, os homeopatas ainda se dividem diante do tema: desde aqueles que os consideram como verdades evangélicas, passando por bom número de indiferentes, para terminar na minoria que quase utiliza adjetivos pejorativos ao mencionar o assunto.
Rajan Sankaran, homeopata indiano alinhado a Hahnemann, considera os miasmas como mera classificação de doenças e, aproveitando, criou mais cinco deles: reforçou os agudos e nomeou mais quatro, conforme formas clínicas de doenças mais comuns na Índia: tifóide, ringworm (as infecções fúngicas da pele), malária e lepra.
É bom lembrar que, se Hahnemann criou os três principais miasmas após doze anos de estudos, os demais não foram levianos levados por palpites. Todos se basearam em muito estudo, observação clínica, meditação e discussões sem fim.
Assim ficou a lista deles: agudo, tifóide, psora, ringworm, malária, sicose, câncer, tuberculose, lepra e sífilis.
Mais recentemente, Peter Chappel, homeopata e pesquisador do Reino Unido, comprovando seus estudos em trabalho voluntário na África, publicou seu livro “The Second Simillimum” no qual dá atenção especial à AIDS (Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida), doença tão divulgada que poderia constituir-se em mais um miasma, destacando-a do sifilinismo. 
Ultimamente, muito se valorizou o aspecto mental e psicológico dos miasmas a fim de diferenciá-los. Como tudo em ciência, entre acertos e correções, o sedimento permanece, somando e enriquecendo o conhecimento.
O miasma sífilis sempre foi identificado com a destruição, a desagregação, a degeneração e a morte. Isso nos leva ao ponto pretendido: o lançamento próximo do livro do holandês Harry van der Zee: “Miasmas no Trabalho de Parto, no qual alguns conceitos são agregados. São novidades que podem modificar o modo de pensar do homeopata, principalmente no que se refere ao miasma destrutivo. Afinal, nesse estudo, há esperança. Conforme mencionado, não são simples sacadas. Pelo contrário, são conceitos muito bem definidos e baseados em estudos do muito que já se publicou a respeito desse assunto, na experimentação homeopática e nos remédios homeopaticamente preparados, além de casos clínicos confirmatórios.
Van der Zee faz um estudo dos miasmas correlacionando-os às conclusões do psicólogo checoslovaco Stanislav Grof: no processo da gravidez e parto criar-se-ia um padrão do qual se serviria o indivíduo em sua vida futura rumo à individuação e consequente evolução. 
São idéias muito interessantes, que vale a pena conferir. Voltaremos ao assunto tão logo esse estudo seja publicado em português.



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

GUIA CASEIRO DE HOMEOPATIA é publicado nos Estados Unidos!


 A notícia é muito curiosa. Se fosse na Europa ou no Brasil seria apenas mais um manual, mas na terra do Tio Sam chama a atenção sobremaneira.
Os manuais de homeopatia sempre foram muito úteis em locais desprovidos de assistência médica, mormente em países territorialmente extensos como Brasil, Rússia entre outros; e, por outro lado, mantiveram a homeopatia graças à confiança popular.
Em nosso país, muitos homeopatas de renome publicaram o seu manual, em geral, assim divididos:
  •  Introdução: com explicações e conceitos básicos.
  • Repertório: dicionário de sintomas e/ou nome comum de doenças com os respectivos remédios;
  • Matéria Médica: dicionário dos remédios homeopáticos com suas respectivas aplicações, de tal forma que o consultante possa chegar rapidamente ao remédio desejado, seja pelo sintoma/nome da doença ou verificando se determinado remédio cobre os sintomas percebidos no doente 
  •  
Essa é a maneira mais ou menos padronizada desde que os primeiros manuais apareceram. O guia de Schmuckler não foge a essa regra. 
Em São Paulo e Rio publicaram-se diversos manuais homeopáticos, contudo, puxando a brasa para o nosso Paraná, um dos manuais mais conhecidos foi (e ainda é) o do Dr. NILO CAIRO (da SILVA), homeopata famoso, doutor em medicina, doutor em engenharia militar, bacharel em matemática e ciências físicas, e professor catedrático da Universidade do Paraná, da qual foi o mentor e um dos fundadores. Comecei a experimentar a homeopatia utilizando-me desse manual e não estava só porque a maioria dos homeopatas ― pelo menos os mais antigos de minha geração ― chegaram aos remédios diluídos pela porta do (guia) nilo cairo.
Em termos de tiragem é um legítimo best seller: Dr. Nilo Cairo publicou o seu Guia Homeopático Brasileiro em 1908; o que possuo é de 1982, oitava reimpressão da 21ª edição e traz uma frase de Dieffenbach na primeira página: “Não escrevo para sábios; escrevo para homens práticos”.
Pesquisando na literatura, não é difícil encontrar referências a leigos que possuíam ‘certo livro’ e davam remédios homeopáticos quando consultados. Machado de Assis imortalizou um desses na personagem do agregado José Dias: “...; meu pai ainda estava na antiga fazenda de Itaguaí, e eu acabava de nascer. Um dia apareceu ali vendendo-se por médico homeopata; levava um Manual e uma botica.” (Dom Casmurro: cap V).
Dalvo Saldiva, na biografia meticulosa de Gabriel García Márquez, Viagem à Semente, assim se refere àquele que seria o pai do escritor colombiano: “... Gabriel Eligio deixou Riohacha, instalou-se em Aracataca e abandonou o ofício de telegrafista para entregar-se à velha vocação de médico empírico graças a alguns estudos desordenados de homeopatia e farmácia que tinha feito na Universidade de Cartagena. Já em sua primeira estada, durante o noivado com Luísa, havia deixado em Aracataca certo prestígio de homeopata espontâneo, especialmente à raiz de uma epidemia declarada em 1925, que os mais velhos associaram ao desastre dos tempos do cólera.” (pg 74).
Na mesma biografia: “... Conseguiu que a Junta de Títulos Médicos do Departamento do Atlântico lhe outorgasse em 1935 uma licença para exercer a medicina por seu sistema homeopático. Foi nessa época que inventou e patenteou o regulador menstrual GG (Gabriel García), um xarope que vendia em sua botica, competindo com reguladores estrangeiros. E assim, entre reguladores menstruais, pílulas homeopáticas e poções estranhas para o tétano, a eclampsia e a febre amarela, a farmácia rendia a quantia exata para manter a família que já começava a ser numerosa...” (pg 106)
Através de amigo comum e confrades na Maçonaria, o herói argentino San Martin recebe do próprio Hahnemann uma botica (bolsa) com sessenta e quatro tubinhos contendo glóbulos de Belladona, Bryonia, Bromium, Conium, Ipeca, Nux-vomica, Pulsatilla, Spongia... usados para si e seus soldados ao cruzar os Andes em lombo de cavalos e mulas. O General sofria de artrose e úlcera gastroduodenal. Essa botica acha-se exposta no Museu Histórico de Mendoza, Argentina com seus tubinhos, muitos deles quase vazios.
Para ilustrar um pouco mais, ganhei de uma cliente “O Medico Homeopatha da Familia”, do Dr. Bruckner, de Basileia (Suissa), traduzida para o português pelo farmacêutico Francisco José Lisboa, em novembro de 1896. São 674 páginas de tipos miúdos e com uma secção de Matéria Médica contendo todos os medicamentos conhecidos na época. Um trabalho notável!
Retornemos à “Homeopatia de A até Z” do Dr. Alan Schmuckler. Por que essa volta ao passado no país mais avançado do mundo? Ele próprio responde numa entrevista no site Hpathy 4 Everione”:
“O próprio nome do livro sugere informações quando o tratamento convencional não está disponível, é ineficaz ou inseguro. São situações que podem surgir em desastres naturais, ataques terroristas, epidemia de doenças exóticas ou infecções resistentes aos antibióticos, falha de recursos ou doenças em massa devido à engenharia genética. Muitas pessoas já estão tentando sobreviver fora do sistema médico porque não podem tomar drogas convencionais seja por alergias, efeitos indesejáveis, problemas do fígado ou dos rins. Além disso, há quarenta e três milhões de americanos que não possuem seguro saúde e que só procuram recursos quando surge alguma crise”. (grifo meu)
Se é assim, o que dizer dos países miseráveis, a maioria no planeta? Ou mesmo num país como o nosso onde já se percebe sotaque de rico, mas que os bolsões de miséria e desassistência não estão distantes. E as grandes cidades cujas periferias têm televisões, videogames e telefones celulares convivendo com a carência do básico em alimentação e condições sanitárias, ainda que esses temas sejam onipresentes na língua de candidatos. E a imensidão da Amazônia legal? Nem mencionei o nordeste...
No início dessa mesma entrevista, o Dr. Alan revela que fundou um grupo de estudos no qual ensina homeopatia a donas-de-casa, secretárias, enfermeiras e médicos. E mais: informa e capacita em campi escolares, em lojas de produtos naturais, em igrejas e na casa das pessoas, assumindo essa atitude como missão.
Por último: quem é o autor? Um curioso, um leigo dando-se ares, um rábula saudosista? Pelo contrário, possui um currículo invejável.
Alan V Schmuckler:



aos 16 anos ganhou de seu tio um laboratório de química completo. No curso médio, tutelado por seu professor, lecionava química e biologia. Graduou-se pela Temple University onde recebeu grau summa cum laude (louvor máximo). A seguir, estudou terapia respiratória e trabalhou em pronto socorro e UTI do Hospital Albert Einstein da Filadélfia.
Há dezesseis anos, curado de um abscesso dentário pela homeopatia foi estudá-la, impressionado pela cura. Desde então, estuda, pratica, leciona e escreve sobre a matéria. Há dez anos, fundou o Grupo de Estudos da Filadélfia Metropolitana, gratuito e destinado ao público, sem contar seu programa de rádio. Também ensina homeopatia no curso de medicina da Temple University, na Filadélfia, estado da Pensilvânia,
Quem estiver interessado poderá adquirir esse manual no www.minimumprice.com - EFS.






domingo, 5 de dezembro de 2010

A BOA NOTÍCIA



A BOA NOTÍCIA

Programado para fevereiro de 2011 o início das atividades do American Medical College of Homeopathy (Colégio Médico Americano de Homeopatia) em Phoenix, Arizona. O que tem isso de chamativo ou diferente?
Para responder a isso, é preciso recuar ao ano de 1900: nesse início do século XX, havia nos Estados Unidos 22 escolas médico-homeopáticas, 100 hospitais homeopáticos, 1000 farmácias homeopáticas, dispensários homeopáticos para carentes e, de cada quatro médicos, um era homeopata. Era o fastígio da homeopatia norte-americana na sua idade áurea.
Os 50 anos seguintes testemunharam notável progresso científico-tecnológico com descobertas notáveis nos campos da física e da química e a indústria farmacêutica enrijeceu seus músculos conquistando o mundo todo com suas drogas patenteadas.
Depois que Fleming descobriu a Penicilina e, quase em seguida, surgia a Estreptomicina mudando o mundo: doenças venéreas crônicas e afecções de pele eram curadas milagrosamente por uma única dose da penicilina. A tuberculose recuava desmoralizada ante algumas doses da estreptomicina. A amaldiçoada sífilis recebia seu devido castigo imposto pela penicilina. Novos antibióticos eram patenteados pelos laboratórios e a humanidade chegou a uma conclusão lógica: o fim das doenças todas está próximo. Quem queria saber das bolinhas ou gotinhas da homeopatia? Os diminutivos falam por si.
Por volta de 1930, fechavam as suas portas os últimos hospital e escola médica americanos. Os próprios médicos não queriam mais perder tempo com um método de tratamento cheio de filosofadas e teorias mirabolantes relacionadas a doenças e doentes. Além do que, havia muitos leigos que a praticavam baseados em manuais caseiros. Adquiriu fedores de curandeiragem, o que, na língua inglesa, é ‘hocus-pocus’, algo como ‘conversa-mole’ ou ‘conversa-fiada’.
Para encurtar, a homeopatia praticamente extinguiu-se naquelas bandas. É bom lembrar que os americanos inventaram o ‘capitalismo selvagem’ o que, entre outras coisas, implica em eliminar a concorrência e isso se seguiu à risca.
E no resto do mundo? Países pobres e, especialmente, de grande extensão territorial ― como o nosso Brasil ― continuaram por mais tempo utilizando a homeopatia, no mais das vezes, como único recurso disponível. Mesmo assim, no final da década de 1950, Curitiba tinha 2 médicos-homeopatas idosos, bravos e teimosos. Cerca de uma dúzia deles poderia ser encontrada em São Paulo. No Rio de Janeiro ― o berço da homeopatia brasileira ― o número deles não era maior. Lembrar que, o Instituto Hahnemanniano do Brasil ― o mais próximo que chegamos de uma escola médico-homeopática―, transformou-se em escola com padrões alopáticos e a homeopatia foi encurralada num mero curso optativo do sexto ano médico.
Voltemos à notícia em epígrafe, demonstrada agora sua relevância: abrir-se-ão as portas da nova escola, oitenta e seis anos depois de fechada a última escola médica-homeopática.
Qual o panorama da homeopatia naquele país? A partir de 1970 renovou-se o interesse e, atualmente, cerca de 1500 médicos a praticam, ao lado de alguns milhares de profissionais leigos, o que ainda é quase nada num país cuja população já ultrapassa os trezentos milhões. Só esse fato ressalta a importância da iniciativa.
Essa escola não sai do nada: graças aos esforços e dedicação do Dr. Todd Rowe, seu fundador e diretor, que, primeiro, criou o Desert Institute of Classical Homeopathy (Instituto de Homeopatia clássica do Deserto: uma referência ao deserto do Arizona). Depois foi a vez do Desert Iestitute School of Classical Homeopathy (Escola do Instituto de Homeopatia Clássica do Deserto). Finalmente, chega-se à categoria de ‘College’, isto é uma escola de medicina voltada para a homeopatia, onde se ensinam as disciplinas básicas do curso médico, mas cuja terapêutica ― o tratamento ― é voltada para os remédios homeopáticos com todo seu leque de medicamentos, recursos farmacêuticos, filosofia... enfim, uma formação adequada a alguém que receberá o título de ‘médico-homeopata’. Os demais seriam os chamados ‘licenciados’, com espaço, inclusive, para naturopatas, integrativos e leigos ou, simplesmente, curiosos da matéria.
Conclusão: tudo que o americano faz, acaba sendo feito por aqui, portanto, é possível que em algum ponto do futuro seja criada nossa Escola Médica de Homeopatia. Não será fácil, porém, contamos com boa estrutura em São Paulo com suas universidades, seu espírito aguerrido e seu temperamento nervoso. Minha aposta é nos paulistas.
Fonte: Hpathy Ezine, novembro/2010: entrevista do Dr.Todd Rowe a Debbie Noah (http://www.hpathy.com/).
EFS – sampareb@uol.com.br

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

LYCOPODIUM FÊMEA

“HOMENS necessitam de Lycopodium, Sulphur ou Nux-v.
Lycopodium é ávido de poder, Sulphur é o filósofo esfarrapado e Nux-v é colérico.”
“MULHERES necessitam Pulsatilla, Lachesis, Sepia, Ignatia e Natrum-mur.
Pulsatilla está sempre em lágrimas, Lachesis é loquaz, Sepia é atrevida, Ignatia histérica e Nat-m fechada.”
Estes surrados clichês estão na ponta da língua e sua influência na prescrição homeopática mundial não deve ser subestimada. Além disso, insultam o requisito primário de Hahnemann de que devemos ser observadores isentos de preconceitos; portanto, perniciosos à nossa habilidade para encontrar o simílimo do paciente. Além do mais, implicam em julgamento do paciente. Lycopodium, além de ser remédio-macho, adquiriu conotações extremamente negativas.”

Com o texto acima, o autor alemão KARL-JOSEPH MÜLLER inicia essa monografia sobre Lycopodium clavatum, um dos remédios mais conhecidos e, talvez, por isso mesmo, prescrito em casos nos quais outro remédio poderia atuar com mais eficácia.
Como um dos principais policrestos ―ao lado de Sulphur, Natrum muriaticum, Pulsatilla, Nux-vom, Aconitum, Phosphorus, Belladona, Lachesis... ―, muitos deles experimentados pelo próprio Hahnemann, é natural que, ao longo desses duzentos anos, suas re-experimentações haja acumulado um número imenso de sintomas figurantes nos Repertórios.
Nada contra os policrestos! Afinal, se estão aí é porque conquistaram esse lugar, porém, não é demais alertar para a tendência, humana e justificável, de seguir pelo caminho mais fácil.

Contudo, neste caso, trata-se exatamente do contrário: perder a oportunidade de prescrever Lycopodium, com sucesso, apenas porque é considerado um remédio masculino.

Müller, com maestria e síntese, mostra o quanto Lycopodium pode ajustar-se à mulher, “ir além e banir essas associações mentais. Além da extensão “fêmea” do título há a busca em
acrescentar outra dimensão às possibilidades terapêuticas desse remédio.
Quais seriam as bases de apoio à prescrição que evitariam esse escolho?

“Na história pessoal do paciente, o ponto crítico pode ser a morte do pai ou, posteriormente, a morte do marido ou parceiro (ou de outra pessoa que tenha assumido o papel masculino em sua vida). Essa perda implica, imediatamente, na assunção de novas responsabilidades, tarefas ou deveres que superexigem seu potencial. De modo similar, crescer sem um pai pode levar a uma situação Lycopodium: muitas responsabilidades, precocemente (diferenciar de Carcinosinum). Em Lyco-fêmea, contudo, é na área de ‘responsabilidades masculinas’.”

“Outra situação típica é promoção na ladeira profissional, no próprio trabalho: exigências adicionais que representam, de súbito, sobrecarga na disponibilidade de tempo, capacidades, supervisão. (Aversão à responsabilidade).”

Confirmando suas afirmativas, Müller apresenta seis casos clínicos nos quais demonstra toda sua habilidade em avaliar e conduzir o caso. E acrescenta:

“De modo geral, homeopatia é muito simples: há necessidade de (a) encontrar um remédio que, realmente, se ajuste ao paciente ― da mesma maneira que a peça apropriada de um quebra-cabeça se ajusta naturalmente ―, e (b) aguardar de ‘mãos ao alto’, isto é, como alguém que controla uma operação automática”

Cordialmente EFS - www.sampaioeditores.com.br

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

"O Enigma da Homeopatia"


Seria a homeopatia um enigma? Do meu ponto de vista, sim. Vejamos:
Elaborada há mais de 200 anos, nascida das dúvidas e insatisfação do médico Samuel Hahnemann com a medicina praticada em sua época, a homeopatia é um método de tratamento que aborda o doente como um todo ― físico, mental e espiritual ― fazendo uso de substâncias naturais extremamente diluídas, a ponto tal que seus detratores, até hoje, duvidam de sua eficácia, mesmo com os evidentes resultados colhidos nesses dois séculos.
É uma forma de tratamento que se difundiu pelo mundo inteiro: começou na Alemanha, passou para a França e de lá para o resto do mundo, alcançando, nos últimos tempos, até o Japão. Teve importância muito grande em países como Índia, Rússia, Brasil e demais nações da América do Sul, pela pobreza, extensão continental e escassez de recursos médicos oficiais.
Não foram poucos os ataques sofridos no decorrer desse par de séculos e sobreviveu graças à dedicação e à militância de seus adeptos ― leigos e médicos convertidos ―, mas, sobretudo, à aceitação e apoio populares granjeados por sua simplicidade, baixo preço e eficácia.
Nossos opositores a desprezam por “falta de base científica” e atribuem seus resultados ― comparativamente melhores em passadas epidemias como febre amarela, febre tifóide, cólera... ― ao “efeito placebo”, afirmativa ingenuamente utilizada até hoje.
Esse é o enigma: ainda há muitas perguntas sem respostas claras. Para o oriental ― indianos, por exemplo ― se existe um método que funciona, ele é usado e pronto! Para nós, ocidentais e nossas mentes analíticas, tudo tem que ser trocado em miúdos, (bem ou mal) explicado, para que nossa cabeça se aquiete. Caso contrário “falta base científica”, falta a bênção dos que desejam a permanência do status quo e, mais que todos, da poderosa e assim chamada Big Pharma, que investe euros, dólares e libras não só contra a homeopatia, mas, também, contra qualquer outro método de tratamento que não utilize seus produtos patenteados, ou seja,criados em seus laboratórios.
Existe verdadeiro desalento quanto aos crescentes problemas de saúde pública. Cada candidato a qualquer coisa promete como solução mais e mais recursos financeiros, mais remédios, mais exames, mais médicos, que acabam sendo os principais vilões: são os que estão frente a frente com os doentes.
Curiosamente, em que pese a assombrosa desenvoltura dos avanços tecnológicos e científicos, não se considera a principal causa da falência dos métodos oficiais. Com exceção da manutenção da vida naqueles casos agudos e traumas onde ela está em risco iminente, assim como nos extraordinários avanços ― transplantes, por exemplo, ― falta à medicina oficial o poder de oferecer aos doentes qualidade de vida e bem estar. É só lembrar dquelas doenças crônicas (diabete, hipertensão arterial, obesidade, altos índices de colesterol...) quando o enfermo consume muitos medicamentos, sofre seus efeitos indesejáveis (sempre presentes) sem o alívio correspondente e esperado.  Isso faz com que os ambulatórios e hospitais estejam cheios de sofredores que caminham de mal a pior.
Lembre, ainda, doenças como Alzheimer e outras doenças neurológicas e degenerativas, depressão e cortejo de ansiedade, angústia e demais psiquiátricas. Os doentes voltam e voltam aos ambulatórios, sempre lotados, cada vez mais insatisfeitos com os médicos. Deixemos de lado epidemias modernas como AIDS, ataques cardíacos, ‘derrames cerebrais’...
Seria normal esse destino a um final de vida tão incômodo, cheio de dores e desalento? A velhice, via de regra, é um inferno que se descortina ainda em vida. Que antecipação desastrosa!
Claro que há muitos outros fatores: nosso modo de vida desregrado, nossos hábitos e vícios, que não podem ser completamente desvinculados do que ficou exposto anteriormente. Nesses casos, ficamos em dúvida onde terminou o vício e começou a doença ou vice-versa.
Pensando nisso, comecei a escrever “O Enigma da Homeopatia”, projetado para ser um opúsculo com cerca de cem páginas e que foi além de quatrocentas. Verborragia e digressões à parte, surpreendeu-me o volume de dados resultante da extensa pesquisa a que me vi obrigado.
 Terei dado conta do recado? Só o leitor poderá avaliar.
 Cordialmente, EFS.